Associação dos Amigos da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó
HISTÓRIA:
Depois de realizar várias atividades burocráticas, a Irmã Hedwiges Hofer, 68 anos, da Irmandade da Fraternidade Esperança,
resolveu trabalhar com crianças de comunidades carentes.
Em 1979, passou a trabalhar em uma creche, que havia no Morro do Mocotó, e que era mantida
pela Sociedade Alfa Gente. Uma Irmã da sua congregação a indicou ao local e ela nunca mais saiu. Hoje são já mais de 20 anos
trabalhando pelos jovens da comunidade.
Ela lembra que na época o morro não tinha água, luz, calçamento, esgoto ou associação
dos moradores. Esses benefícios foram conquistados a partir da criação dos Grupos de Reflexão, que foram colocando para as
pessoas que elas tinham esses direitos e deveriam reivindicá-los. Com a conquista das condições mínimas para a sobrevivência,
os moradores começaram a arrumar suas casas e suas vidas. “Eu mesma participei de vários mutirões”, esclarece
Irmã Hedwiges.
Acredita que hoje o padrão de vida das pessoas da comunidade melhorou bastante porque
têm uma melhor escolaridade, e assim conseguem melhores empregos. Irmã Hedwiges fala com orgulho de pessoas de que cuidou
desde crianças e que hoje estão na faculdade. “Tem uma menina que está fazendo medicina, outro que está em história
e outra que se formou em engenharia. Há também meninas que estão no magistério e estudam técnica de enfermagem”. Prova
de que o seu trabalho deu muitos e bons frutos.
Através de um trabalho de parcerias, o Morro do Mocotó, região central de Florianópolis,
mantém um trabalho de acompanhamento pedagógico, com jovens e crianças, que existe há 15 anos. Havia apenas uma creche na
comunidade, mantida pela Sociedade Alfa Gente, mas que não resolvia o principal problema da comunidade: jovens e crianças
acabavam seguindo o caminho da criminalidade. A creche atendia as crianças só até os seis anos.
A idéia era ampliar os trabalho e atender principalmente as crianças e os jovens. Assim
o Pe. Vilson Groh e a Irmã Hedwiges Hofer, juntamente com pessoas da comunidade, iniciaram a Associação dos Amigos da Criança
e do Adolescente do Morro do Mocotó.
Hoje é um trabalho que deu certo e é referência para outros realizados na arquidiocese.
São 150 jovens e adolescentes, de seis a 18 anos, atendidos pela manhã e à tarde, no período extra-escolar, com o acompanhamento
pedagógico de 11 educadores. “A intenção dos trabalhos realizados é formar cidadãos críticos. Formar pessoas críticas
e atuantes para que possam exercer efetivamente a cidadania”, explica uma das coordenadoras administrativas e pedagógicas.
Dentro da Associação, os jovens e as crianças recebem acompanhamento pedagógico, atividades
de educação física e também aulas de informática, com 11 computadores para todos. O curso de informática começou no início
do ano 2000. Os computadores foram doados pelo Tribunal de Justiça e pela CEVAL. Os softwares foram doados pelo Centro de
Democratização da Informática.
RESULTADOS:
“A Associação não tem a intenção de funcionar como escola. Dentro dela é que deve haver o reforço pedagógico. Mesmo
não funcionando como escola, as crianças aprendem temas escolares, mas sem o compromisso de aplicar o currículo escolar. A
preocupação é melhorar o desempenho no aprendizado. Com isso há melhoramento no desempenho na escola, menor repetência, menor
evasão escolar e afastamento dos pontos de venda de drogas. Isso ainda provoca uma aproximação entre as famílias e dessas
à Associação.
As condições para usufruir dos benefícios do projeto são simples. Basta morar na comunidade
e estar estudando. Mesmo quando não estão na aula, as criança são aceitas e encaminhadas a uma instituição de ensino. As crianças
não pagam nada. “O pagamento vem do reconhecimento do trabalho pela participação dos pais nas reuniões e na procura
pela Associação”, esclarece que responde pela coordenação administrativa e pedagógica.
A Associação funciona com dinamismo. Os coordenadores e educadores estão sempre à procura
de materiais de primeira qualidade para dar uma educação à altura para as crianças. “Desde que os trabalhos tiveram
início, há 15 anos, o Morro do Mocotó passou a ser menos marginal”, reconhece Pe. Vilson Groh, mentor do projeto.
PARCERIAS:
A alimentação é fornecida pela Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. A manutenção e conservação do prédio, vem
de subvenção social conseguida através da Secretaria de Saúde do município. A empresa de telefonia Global Telecom mantém o
laboratório de informática. A escola Sarapicuá, de pré-escola e ensino fundamental, repassa mensalmente uma ajuda financeira
à Associação. Também há trinta associados que contribuem espontaneamente. Há convênios que mantém os educadores. É o caso
do Colégio Coração de Jesus, que paga quatro educadores, e da Catedral Metropolitana de Florianópolis, que mantém um. Com
os recursos que recebe, a Associação paga outros seis educadores. Para complementar a renda, a cada dois meses são realizados
bazares. São roupas usadas, em boas condições, selecionadas pelos educadores, que são vendidos à comunidade a preços acessíveis.
Todas as parcerias, somadas ao excelente trabalho realizado, colocaram a instituição
entre as 100 finalistas de um concurso realizado pela UNICEF entre instituições sem fins lucrativos, que realizam projetos
em benefício das crianças. Havia 700 concorrentes de todo o Brasil.
Entretanto, todo o esforço ainda não é suficiente para atender a todas as crianças da
comunidade. Há uma lista de mais de 30 aguardando uma vaga. “Temos capacidade humana para atender a 250 crianças, mas
só atendemos a 150”, explica uma das coordenadoras. As condições financeiras da instituição não permitem a ampliação
do espaço.