Porque se usam drogas?
Três agentes que atuam nessa problemática, droga, ser humano e ambiente.
A pessoa
Homem
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Ser único
Uno, único e irrepetível... Eternamente idealizado, eternamente
escolhido, chamado e denominado por seu nome. (João Paulo II, 25.12.1978)
Dons humanos:
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Autoconsciência
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Imaginação
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Moral
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Liberdade de escolha (Pavlov)
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Humor
Mapas sociais
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Genético
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Psíquico
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Ambiental
A droga não é o problema principal do dependente. O consumo de droga é somente uma resposta
falaz à falta de sentido positivo da vida.
No centro da dependência se encontra o homem, sujeito único e irrepetível, com sua interioridade
e personalidade específica, objeto do amor do Pai que, em seu plano salvífico, chama a cada um à sublime vocação de filho.
Sem dúvida, a realização de tal vocação é – junto com a felicidade neste mundo – gravemente comprometida pelo
uso da droga, porque ela, na pessoa humana, imagem de Deus (Gen 1, 27), influi sobre a sensibilidade e sobre o reto exercício
do intelecto e da vontade.
Os motivos pessoais que levam ao uso de substâncias entorpecentes, são muitos. Porém,
em todos os dependentes, independente da idade e da freqüência com que as usam, se constata um motivo constante e fundamental:
a ausência de valores morais e uma falta de harmonia interior da pessoa. Em todo dependente podem verificar-se diversas combinações
de acordo com as fragilidades pessoais que o tornam incapaz de viver uma vida normal. Se cria nele um estado de ânimo “desmotivado”
e “indiferente” que desencadeia um desequilíbrio interior moral e espiritual do qual resulta um caráter imaturo
e débil que empurra a pessoa para assumir comportamentos instáveis em frente às próprias responsabilidades.
Causas pessoais
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Falta de esperança - desespero. (Não podemos
viver sem esperança. Temos de ter algum objetivo na vida, algum significado para nossa existência. Temos de aspirar a alguma
coisa. Sem esperança, começamos a morrer. João Paulo II - Los Angeles, 1987)
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Falta de sentido positivo da vida.
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Ilusão da viagem pacífica. Manipulação da mídia.
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Ausência de valores morais. (Uma lei gravada
na natureza humana. Redemptionis Donum, 13)
(Aceitação sincera dos princípios imutáveis... João Paulo II, aos chineses em
1995)
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Falta de harmonia interior da pessoa.
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Ânimo desmotivado e indiferente.
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Desequilíbrio interior moral e espiritual.
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Caráter imaturo e débil.
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Adolescência interminável.
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Enfermo de amor - não sabe amar.
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Temor do futuro.
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Fuga de novas responsabilidades.
Prevenção pessoal:
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Evitar a ociosidade
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Participar de grupos
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Leitura do Evangelho
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Oração
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Vivência religiosa
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Busca de sentido positivo para a vida
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Ter projeto de vida
A família
Entre os fatores pessoais e ambientais que favorecem por certo o uso de droga é, sem
dúvida, o principal, a falta absoluta ou relativa da vida familiar, porque a família é elemento chave na formação do caráter
de uma pessoa e de suas atitudes perante a sociedade.
O dependente vem freqüentemente de uma família que não sabe reagir ao stress porque é
instável, incompleta ou dividida. Hoje estão em preocupante crescimento as saídas negativas das crises matrimoniais e familiares:
facilidade de separação e de divórcio, convivências, incapacidade de oferecer uma educação integral para fazer frente a problemas
comuns, falta de diálogo, etc.
Podem preparar uma escolha da droga, o silêncio, o medo de comunicar, a competitividade,
o consumismo, o stress como resultado do trabalho excessivo, o egoísmo, etc.; em síntese, uma incapacidade de ministrar uma
educação aberta e integral.
Em muitos casos os filhos se sentem não compreendidos e se encontram sem o apoio da família.
Ademais, a fé e os valores do sofrimento, tão importantes para a maturidade, são apresentados como antivalores. Pais não a
altura de sua tarefa, constituem uma verdadeira lacuna para a formação do caráter dos filhos.
E o que dizer de alguns comportamentos distorcidos ou desviados no campo sexual de certos
núcleos familiares?
Causas familiares
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Falta absoluta ou relativa de vida familiar.
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Não sabe reagir ao stress.
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Instável, incompleta ou dividida.
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Facilidade de saídas negativas.
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Incapacidade para oferecer educação aberta e integral.
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Fé e os valores do sofrimento apresentados como antivalores.
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Formação do caráter.
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Comportamentos distorcidos. (Sigo teus passos)
Sigo teus passos...
Pai e filho se preparam para cruzar uma ponte
pênsil.
Ante o perigo da travessia, o pai adverte
o filho:
- Filho, tenha muito cuidado e preste muita
atenção onde coloca os pés, pois é muito perigoso cruzar esta ponte.
O filho, com um olhar, que mais que obediência
refletia estranheza, respondeu ao pai:
- Pai, me pergunto: quem de nós dois deve
ser mais cuidadoso para pisar, já que a minha intenção é pisar exatamente no lugar que você pisar?
Prevenção na família:
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Crescer com os filhos
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Grupos de casais
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Grupos jovens
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Impedir a venda de bebidas alcoólicas para menores
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Leitura do Evangelho.(Monges)
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Ocupação do tempo ocioso
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Princípios e valores
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Vida em família
O bom exemplo da família
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A alegria depende do álcool
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A Igreja não faz nada
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A sociedade está perdida
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Auto-medicação perante as crianças.
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Cigarro em família.
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Depois de tomar, fico valente, corajoso, machão
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Festa é sinônimo de álcool
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Meus pais não me deram carinho
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Na hora de apuro fazer novena
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Problema são os políticos
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Os outros que se danem
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Os outros são corruptos
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Palavras e exemplos
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Para cada situação existe uma solução química, mágica
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Santo Antônio arruma um casamento
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Tudo depende do governo
A sociedade
A toxicodependência, é indicador do estado atual da sociedade. Hoje a pessoa e a família
se encontram em uma sociedade “passiva”, quer dizer, sem ideais, permissiva, secularizada, onde a busca de fugas
se manifesta de modos diversos, dos quais um é a fuga na toxicodependência.
Nossa época exalta o utilitarismo e o hedonismo, e com eles o individualismo e o egoísmo.
A busca de um bem ilusório, sob a marca do máximo prazer, termina por privilegiar aos
mais fortes, criando na maioria dos cidadãos condições de frustração e de dependência. E assim, a referência aos valores morais
e a Deus mesmo são cancelados na sociedade e na relação entre os homens.
Se tem firmado na sociedade atual um consumismo artificial, contrário a saúde e a dignidade
do homem, que favorece a difusão da droga (Centesimus annus, 36). Tal consumismo, criando falsas necessidades, empurra o homem,
e em particular aos jovens, em busca de satisfações somente nas coisas materiais, causando uma dependência delas. Em diversas
regiões, ainda, a desocupação dos jovens favorece a difusão da toxicodependência.
A nenhum observador atento escapa que a sociedade atual favorece a promoção de um hedonismo
desenfreado e um desordenado sentido da sexualidade. Se tem separado o exercício da sexualidade da comunhão conjugal e de
sua intrínseca orientação procriativa, permanecendo em um superficial gozo ao qual, com freqüência, se subordina inclusive
a dignidade das pessoas.
Em uma sociedade que busca a satisfação imediata e a própria comodidade a todo custo,
na qual se está mais interessado em “ter” do que em “ser”, não surpreende a cultura da morte que considera
o aborto e a eutanásia como bens e direitos. Se tem perdido o sentido da vida, e se esvazia a pessoa de sua dignidade, levando-a
a frustração e ao caminho da auto destruição. Em uma sociedade assim descrita, a droga é uma fácil e imediata, porém mentirosa,
resposta à necessidade humana de satisfação e de verdadeiro amor.
Causas na sociedade
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Sociedade passiva - sem ideais.
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Busca de fugas.
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Utilitarismo e hedonismo.
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Individualismo e egoísmo.
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Busca do máximo prazer.
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Cancelamento dos valores morais e de Deus.
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Consumismo artificial.
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Satisfação nas coisas materiais.
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Desocupação dos jovens.
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Exercício da sexualidade separado da comunhão conjugal.
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Satisfação imediata e comodidade a todo custo,
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Ter em vez de ser.
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Perda do sentido da vida.
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Falta de coerência entre a família e a escola.
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Ideais desarticulados e contraditórios.
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Comunicação de massa negativa.
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Silêncios da Igreja.
Prevenção na comunidade:
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Ação junto a comerciantes de drogas legais
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Casa de acolhida
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Colônia de férias (Faislândia)
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Criar o COMEN
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Criar SOS drogas
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Cursos de capacitação de profissionais
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Definir políticas públicas de prevenção
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Desenvolver programas de cultura
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Desenvolver programas de esporte
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Desenvolver programas de lazer
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Distritos de bandeirantes
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Escolas de artes marciais
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Escolas de dança, folclore, música, pintura...
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Escolas de futebol, vôlei...
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Grupos escoteiros
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Programas de Agentes de Saúde Comunitária
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Programas de geração de emprego
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Programas de geração de renda
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Realizar foruns e debates populares
Iniciativas de prevenção na escola:
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Ceder espaços físicos para a comunidade
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Colônia de férias (Faislândia)
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Controlar o acesso a escola
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Cursos de capacitação de profissionais
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Distritos de bandeirantes
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Escolas de artes marciais
·
Escolas de dança, folclore, música, pintura...
·
Escolas de futebol, vôlei...
·
Grupos escoteiros
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Grupos jovens
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Impedir a venda de bebidas alcoólicas para menores
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Implantar Ajudantes Naturais
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Incluir droga nos temas transversais
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Ocupação do tempo ocioso
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Realizar foruns e debates populares
Iniciativas de prevenção na paróquia:
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Abrir espaço para os jovens na paróquia
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Criar Grupos jovens
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Criar Grupos de casais
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Atenção para o período entre a 1ª Comunhão e a Crisma
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Implantar a Pastoral da Sobriedade
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Implantar Movimentos de casais
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Implantar Movimentos de juventude
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Casa de acolhida
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Ceder espaços físicos para a comunidade
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Colônia de férias (Faislândia)
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Criar grupos de auto-ajuda
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Criar SOS drogas
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Cursos de capacitação de profissionais
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Escolas de música
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Impedir a venda de bebidas alcoólicas para menores
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Ação junto a comerciantes de drogas legais
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Incluir o tema nos programas de catequese
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Incentivar a leitura do Evangelho.(Monges)
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Ocupação do tempo ocioso
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Programas de Agentes de Saúde Comunitária
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Realizar foruns e debates populares
Tarefa específica da Igreja
a) Evangelização:
A Igreja, enviada como “sacramento universal da salvação” (Lumen gentium,
48; Ad gentes, 1), é o povo missionário de Deus. O compromisso missionário da Igreja, sua atividade evangelizadora, cai sobre
todos os membros deste povo, cada um em proporção de suas possibilidades (Ad gentes, 23): “A todos os fiéis... é imposto
a nobre honra de trabalhar com a finalidade de que a divina mensagem da salvação, seja conhecida e aceita por todos os homens,
sobre toda a terra” (Apostolicam actuositatem, 3).
A Igreja é “especialista em humanidade” (Populorum progressio, 13). No centro
de suas preocupações está o homem, objeto do amor criador, redentor e santificador de Deus, Uno e Trino. Jesus Cristo, “propter
nos homines et propter nostram salutem” (por nós homens e por nossa salvação), desceu do céu, se encarnou, morreu e
ressuscitou.
A mensagem da Igreja se dirige a toda a sociedade e a todos os homens para mostrar a
alta vocação de Deus ao homem. Faz parte, sem dúvida, desta mensagem, o fato de que o homem redimido leva em si mesmo as feridas
do pecado original e portanto a inclinação à dependência e à escravidão do pecado.
A Igreja anuncia que Deus salva o homem em Cristo, revelando-lhe sua vocação, inscrita
na verdade sobre o homem e desvendada plenamente em Jesus Cristo (Gaudium et spes, 22). Nesta luz, todos tem direito a conhecer
que a vida é um sim a Deus e à santidade, não simplesmente um não ao mal.
A pessoa é chamada a viver em (ex sistere) comunhão com Deus, consigo mesma, com o próximo,
com o ambiente (Gaudium et spes, 13). Viver tais relações, em especial aquela com os outros, torna evidente a plena e integral
vocação da corporeidade masculina e feminina, que desvela o sentido profundo da vida humana, como vocação ao amor (Familiaris
consortio, 11). Porém o pecado influi nestas relações. Para viver os valores humanos e cristãos de modo autêntico, além da
indispensável ajuda da graça divina, são necessários: a liberdade do espírito contra o materialismo e consumismo, a verdade
sobre o bem e sobre o homem contra o utilitarismo e o subjetivismo ético, a grandeza do amor, que busca sempre o bem do outro
através também da doação de si, contra a banalização da sexualidade e o hedonismo.
O amor misericordioso de Deus olha de modo especial para aqueles mais necessitados de
sua ação compassiva e libertadora. O Senhor disse que são os enfermos os que tem necessidade de médico (Mt. 9, 12; Mc. 2,
17; Lc. 5, 31).
Ao
toxicodependente se dirigem a solicitude e as atividades de muitas pessoas e instituições. Também diversas ciências e disciplinas
se ocupam de seus problemas. Sob este aspecto, então, a Igreja se põe a serviço daqueles que se encontram sob o jugo desta
nova forma de escravidão?
Em
sua atitude decididamente pastoral, empregando os instrumentos oferecidos pelas ciências, a Igreja se acerca do toxicodependente
com sua radiante concepção da verdade sobre Cristo, sobre si mesma e sobre o homem (Discurso de João Paulo II na III Conferência
Geral do Episcopado Latinoamericano, em Puebla de los Angeles, 28 janeiro de 1979. Osservatore Romano, ano CXIX, 29-30 de
janeiro, nº 23).
Ela
propõe uma resposta específica enquanto possuidora dos valores humano-cristãos, que servem a todos, e são disponíveis para
todos como métodos abertos a todos: crentes e não crentes, toxicodependentes ou pessoas em risco de sê-lo, jovens ou anciãos,
sujeitos provenientes de famílias “sãs” ou sem família. Se trata de valores da pessoa como tal. A proposta da
Igreja é um projeto evangélico sobre o homem. Anuncia a todos que vivem o drama da toxicodependência e sofrem uma existência
miserável, o amor de Deus que não quer a morte mas a conversão e a vida (Ez. 18, 23). Aqui se trata da vida plena, da vida
eterna, proclamada em meio a situações que a põem em perigo ou a ameaçam.
Ao
toxicodependente, carente fundamentalmente de amor, tem que fazer conhecer e experimentar o amor de Jesus Cristo. Em meio
a uma decisão atormentada, no vazio profundo da própria existência, o caminho até a esperança passa pelo renascer de um ideal
autêntico de vida. Tudo isto se manifesta plenamente no mistério da revelação do Senhor Jesus. Quem toma substâncias entorpecentes
deve saber que, com a graça de Deus, é capaz de abrir-se a quem é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14, 6).
Pode
assim começar um caminho de libertação descobrindo, que é a imagem de Deus, na realidade de Filho, que deve crescer na semelhança
da imagem por excelência que é Cristo mesmo (Col. 1, 15).
A Igreja,
com sua contribuição específica, intervém no problema da toxicodependência, seja para prevenir o mal, seja para ajudar os
toxicodependentes em sua recuperação e reinserção social.
Assim,
nós somos testemunhas de que o prisioneiro das drogas, com a ajuda da Igreja, pode iniciar um novo caminho e assumir uma atitude
que lhe abra uma permanente e maior plenitude de vida nova.
·
Igreja é sacramento universal da salvação. (Lumen
gentium, 48)
·
Especialização em humanidade. (Populorum
progressio, 13)
·
Mostrar a alta vocação de Deus ao homem.
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Anúncio de que Deus salva o homem. (Gaudium
et spes, 22)
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A vida é um sim a Deus é à santidade.
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Pessoa chamada a viver em comunhão com Deus. (Gaudium
et spes, 13)
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Amor misericordioso de Deus.
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Propor uma resposta específica.
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Projeto evangélico sobre o homem.
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Experiência do amor de Cristo.
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Renascimento de um ideal autêntico de vida.
b) Resposta da Igreja
A resposta
da Igreja ao fenômeno da dependência é uma mensagem de esperança e um serviço que, muito além dos sintomas, vai ao centro
mesmo do homem; não se limita a eliminar o mal, mas que propõe rumos de vida. Sem ignorar nem desprestigiar as outras soluções,
ela se situa num nível superior e global de intervenção que leva em conta sua precisa visão do homem e em conseqüência indica
novas propostas de vida e de valores. Sua tarefa é evangélica: anunciar a Boa Nova. Não assume uma espécie de função substitutiva
a respeito de outras instituições e instâncias humanas. Seu serviço está, com efeito, na mesma “escola evangélica”
feita através de formas concretas de acolhida que são a tradução prática de sua proposta de vida.
É precisamente
na mesma atividade evangelizadora da Igreja que se coloca sua intervenção sobre o problema da toxicodependência. Tal atividade,
seja aquela dirigida “ad intra” ou “ad extra”, leva a “servir o homem revelando-lhe o amor de
Deus, que se manifestou em Jesus Cristo (Redemptoris missio, 2). Este anúncio “visa a conversão cristã, quer dizer,
a adesão plena e sincera a Cristo e a seu Evangelho mediante a fé” (Ibid., 46). “Convertei-vos e crede no Evangelho”
(Mc. 1, 15). Se trata de uma conversão que “significa aceitar, com decisão pessoal, a soberania de Cristo e chegar a
ser seus discípulos” (Redemptoris missio, 46). Só nele toda pessoa pode encontrar o verdadeiro tesouro, a verdadeira
e definitiva razão de toda sua existência. Adquirem um maravilhoso significado a respeito dos toxicodependentes as palavras
de Cristo: “Vinde e mim todos os que estais cansados e oprimidos que eu vos aliviarei” (Mt. 11, 28).
O Evangelho
une a proclamação da Boa Nova às boas obras, como por exemplo, a cura de “toda enfermidade e de toda doença” (Mt.
4, 23). A Igreja é “força dinâmica”, “sinal e animadora dos valores evangélicos entre os homens” (Redemptoris
missio, 20). Portanto, a Igreja, “tendo sempre firme a prioridade das realidades transcendentes e espirituais, premissas
da salvação escatológica”, oferece seu testemunho evangelizador junto a suas atividades: diálogo, promoção humana, compromisso
pela justiça e a paz, educação e atenção aos doentes, assistência aos pobres e aos pequenos (Ibid.). Sem dúvida, deve ficar
muito claro que a proclamação da Boa Nova do amor de Deus, não cerceia a liberdade humana: se detém ante o sacrário da consciência;
propõe, porém não impõe nada (Ibid.).
O Santo
Padre recorda que o testemunho evangelizador da Igreja consiste em proclamar a Boa Nova, como quem reconhece em Jesus Cristo
a meta do próprio destino e a razão de toda a sua esperança (João Paulo II, Homilía na Praça Sordelo em Mantova, 23 de junho
de 1991).
Referindo-se
ao toxicodependente, o Sumo Pontífice afirma que é necessário “levá-lo ao descobrimento ou ao redescobrimento da própria
dignidade do homem; ajudá-lo a fazer ressurgir e crescer, como um sujeito ativo, aqueles recursos pessoais que a droga havia
sepultado, mediante uma confiante reativação dos mecanismos da vontade, orientada para seguros e nobres ideais” (Ensinamentos
de João Paulo II, VII, 2, p. 347). Seguindo esta linha da formação do caráter do toxicômano, o Santo Padre continua: “Tem
sido concretamente provada a possibilidade de recuperação e de redenção da pesada escravidão... com métodos que excluem rigorosamente
qualquer concessão à droga, legal ou ilegal, com caráter substitutivo” (Ibid.). Logo conclui: “A droga não se
vence com a droga” (Ibid. p. 349).
Porém
quais são os “seguros e nobres ideais” necessários para o crescimento do toxicodependente como sujeito ativo?
São aqueles que respondem à necessidade extrema do homem de “saber se tem um por quê que justifique sua existência terrena”
(Ibid. p. 350). Por este motivo, “é necessária a luz da Transcendência e da Revelação cristã. O ensinamento da Igreja,
baseada na palavra indefectível de Cristo, dá uma resposta iluminadora e segura aos questionadores sobre o sentido da vida,
ensinando a construi-la sobre a rocha da certeza doutrinal e sobre a força moral que provém da oração e dos sacramentos. A
serena convicção da imortalidade da alma, da futura ressurreição dos corpos e da responsabilidade eterna pelos próprios atos
é o método mais seguro também para prevenir o mal terrível da droga, para curar e reabilitar suas pobres vítimas, para fortalecê-las
na perseverança e na firmeza sobre os caminhos do bem” (Ibid.).
Hoje,
com a grande difusão da droga, a Igreja se encontra frente a um novo desafio: deve evangelizar tal situação concreta. Por
isso indica: 1. O anúncio do amor paterno de Deus para salvar o homem, um amor que supera todo sentido de culpa; 2. A denúncia
dos males pessoais e dos males sociais, que causam ou favorecem o fenômeno da droga; 3. O testemunho daqueles que crêem que
se dedicam a atenção dos toxicodependentes segundo o exemplo de Jesus Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a vida (Mt. 20, 28; Fil. 2, 7). Esta tríplice atividade comporta:
·
Uma tarefa de
anúncio e profecia que apresenta a visão evangélica original do homem;
·
Uma tarefa de
serviço humilde a imagem do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas.
·
Uma tarefa de
formação moral para as pessoas, as famílias e as comunidades humanas, através dos princípios naturais e sobrenaturais para
chegar ao homem pleno e total.
·
Mensagem de esperança. (João Paulo II, Nova
York, 1979)
·
Propor rumos de vida. (Santo Agostinho)
·
Formas concretas de acolhida.
·
Servir o homem revelando o amor de Deus. (Redemptoris
missio, 2)
·
Conversão cristã - adesão a Cristo. (Redemptoris
missio, 46)
·
Descobrir a dignidade do homem. (Ens.João
Paulo II, VII, 2, p.347)
·
Mostrar um porque que justifique a existência terrena. (Ens.João Paulo II, VII, 2, p.350)
·
Resposta segura sobre o sentido da vida.
(Ens.João Paulo II, VII, 2, p.350)
·
Responsabilidade eterna sobre os próprios atos.
(Ens.João Paulo II, VII, 2, p.350)
·
Anúncio do amor paterno do Pai.
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Denúncia dos males pessoais e sociais.
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Testemunho dos que crêem.
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Anúncio e profecia.
·
Serviço humilde.
·
Formação moral.
c) Presença da Igreja
a) Presença na família:
A Igreja sente o dever de reservar uma atenção privilegiada à família, núcleo de toda
estrutura social, e deve “anunciar com alegria e convicção a Boa Nova sobre a família” (Familiaris consortio,
86) para promover uma autêntica cultura da vida. Ainda que a família seja assidiada por tantos perigos hoje em uma sociedade
secularizada, tem que ter confiança nela. “A família – afirma João Paulo II – possui e comunica todavia
hoje energias formidáveis capazes de tirar o homem do anonimato, de mantê-lo consciente de sua dignidade pessoal, de enriquecê-lo
com profunda humanidade e de inseri-lo ativamente com sua unicidade e irrepetibilidade no tecido da sociedade” (Familiaris
consortio, 43).
Mais ainda, segundo o Santo Padre, a Igreja deve ter uma particular solicitude pastoral
“junto aos indivíduos cujas existências estão marcadas por tragédias pessoais e devastadoras e junto às sociedades que
se encontram ante o dever de dominar um fenômeno sempre mais perigoso” como é a toxicodependência (Ensinamentos de João
Paulo II, VII, 1, 1984, p. 115).
A família é um núcleo vital e imprescindível da existência humana em si, dado que o homem
é por sua vez sujeito pessoal e comunitário (reflexo do Deus Uno e Trino). Agora, se a Igreja quer fazer frente de modo eficaz
ao fenômeno da droga, deve centrar na família sua prioridade pastoral: “o futuro da humanidade se encontra na família!”
(Familiaris consortio, 86). A família é “A primeira estrutura fundamental em favor da ecologia humana” ... e “Santuário
da vida” (Centesimus annus, 39), célula crucial da sociedade, porque nela se refletem no bem e no mal, os diversos aspectos
da vida e da cultura.
Não obstante o desinteresse, os prejuízos e até a hostilidade que hoje ameaçam a instituição
familiar, a experiência daqueles que trabalham com especial competência no mundo da toxicodependência (psiquiatras, psicólogos,
sociólogos, médicos, assistentes sociais, etc.), confirma de modo unânime que o modelo cristão da família permanece como o
ponto de referência prioritário sobre o qual insistir em toda ação de prevenção, recuperação e inserção da vitalidade do indivíduo
na sociedade.
Este
modelo se baseia no amor autêntico: único, fiel, indissolúvel dos cônjuges. É necessário voltar à concepção cristã do matrimônio
como comunidade de vida e de amor, porque de outra maneira se cai em modelos de egoísmo e individualismo. Isto exige uma educação
na doação recíproca e na generosidade junto a uma constante educação espiritual e religioso-moral.
Somos bem conscientes que tal projeto divino choca contra a atual cultura narcisista,
autosuficiente e efêmera. É então indispensável uma estratégia de união, de solidariedade, de agregação entre as diversas
famílias, numa obra de paciente e recíproca acolhida.
No esforço de prevenção e na luta contra a droga, a família deve fazer um chamado, frente
as dificuldades da vida cotidiana, aos recursos interiores de todos os seus membros. Desde a primeira adolescência os filhos
observam seus pais e a família como modelos de vida. Logo tendem a separar-se e quase a opor-se a eles, para buscar uma própria
e autônoma realização fora da família, seguindo modelos com freqüência em contraste com aqueles familiares. A família, deve
voltar a ser o lugar onde se pode ter a experiência da unidade que os reforça em sua peculiar personalidade. As famílias devem
ser objeto de educação na solidariedade e no amor doação.
É necessário recuperar o sentido da vida de cada dia; portanto a família deve reagir
ante os grandes apelos publicitários que falseiam a prospectiva da vida.
A ação pastoral da Igreja, centrada na prioridade da família, interessa a todos e não
somente aqueles que trabalham em vários setores de “malestar social”. A pastoral familiar constitui a melhor prevenção
porque se interessa pela educação, informa a catequese, orienta os cursos de preparação ao matrimônio, dá vida a institutos
de formação familiar, suscita grupos de reflexão e de oração, promove formas concretas de empenho como o voluntariado, implicando
em todos os componentes da comunidade cristã.
A família
“Igreja Doméstica” (Lumen gentium, 11), é capaz de afrontar tudo à luz da palavra de Deus interpretada pelo Magistério,
e se Deus ocupa realmente o primeiro lugar, chega a ser o lugar do crescimento e da esperança pois nela cada dia se reconstrói
a vida cristã com amor, fé, paciência e oração. O Magistério afirma que “a família, como a Igreja, deve ser um espaço
no qual o Evangelho é transmitido e de onde o Evangelho se irradia” (Evangelii nuntiandi, 71).
A família
cria “um ambiente de vida no qual a criança pode nascer e desenvolver suas potencialidades, tornar-se consciente de
sua dignidade e preparar-se para enfrentar seu destino único e irrepetível” (Centesimus annus, 39). Nela os adultos
descobrem seu papel educativo para a formação do caráter dos filhos, e a criança se apresenta à vida e aprende a amar. O homem
recebe “as primeiras noções sobre a verdade e o bem; aprende o que quer dizer amar e ser amado e, por conseguinte o
que quer dizer concretamente ser uma pessoa” (Ibid.). Os adultos são educados para respeitar os filhos como pessoas
únicas e irrepetíveis, com seus dons e uma vocação própria. Devem formá-los na autoestima, no descobrimento de suas próprias
capacidades para discernir os valores morais. A família deve continuamente sensibilizá-los de modo formativo sobre o fenômeno
da droga e os perigos do desvirtuamento.
Recorde-se
sem dúvida que “educar” não é somente “informar”: a pura informação poderia despertar o desejo de
provar, a curiosidade e a imitação. No processo formativo é importante ter presente as diversas etapas do desenvolvimento
da personalidade do indivíduo que se tem de educar.
Se
a família, posteriormente, descobre que está diretamente implicada no drama da toxicodependência não deve absolutamente fechar-se,
nem ter medo de falar de maneira clara do que está vivendo. Deve ter a coragem de pedir ajuda a quem está em condições de
ajudar e pode validamente aconselhá-la. Fechando-se, com efeito, na própria culpa por causa de uma mal entendida vergonha,
terminaria por fazer o jogo do toxicodependente.
Tudo isto não é fácil. Porém somente se cresce através da superação das dificuldades,
num treinamento constante, feito também de derrotas. Neste caso os pais vêem o sofrimento e os sacrifícios como sem valor,
porém não é assim. O sofrimento e os sacrifícios ajudam a crescer e a amadurecer, reforçando a vontade e o caráter. Nos foi
ensinado que, através do sofrimento, foi redimida a humanidade.
As vezes os pais devem saber tomar decisões dolorosas para ajudar ao filho toxicodependente.
Decisões que, sem dúvida, nunca estão desprovidas de afeto. E de afeto tem certamente necessidade também os pais. Como é eloqüente
a observação de tantos pais quando manifestam que é necessário antes de tudo encher-se eles de afeto para poder então dar
a seus filhos tão necessitados de amor!
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Atenção privilegiada à família.
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Autêntica cultura da vida.
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Atenção nas tragédias pessoais. (Ens. João
Paulo II, VII, 1, p.115)
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Homem como sujeito pessoal e comunitário.
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Modelo Cristão da família.
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Base no amor autêntico, único, fiel e indissolúvel.
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Matrimônio, comunidade de vida e de amor.
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Agregação entre as famílias.
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Educação no amor doação e na solidariedade.
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Cultura da esperança.
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Atenção preferencial aos jovens.
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Pais como modelos de vida.
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Recuperar o sentido da vida.
b) Presença na Paróquia:
O trabalho pastoral da paróquia coopera em edificar a Igreja, comunidade de salvação,
e em curar o coração do homem. E a isto tende através de toda sua atividade.
Antes de tudo, no anúncio da Palavra de Deus: um anúncio forte e comprometido em todas
as suas formas (catequese, homilia, ensino religioso na escola, etc.) que favorece o crescimento da fé. A palavra proclamada,
quando é acolhida, renova o homem e o converte em verdadeiro testemunho do Evangelho. No Evangelho se aprende a caridade de
Cristo, reveladora da justiça e da misericórdia do Pai celeste, evitando assim, julgar ao próprio irmão (Sant. 4, 11-12).
Se formam ainda consciências críticas a respeito dos falsos valores e dos ídolos propostos pela sociedade consumista e hedonista.
Se compreende melhor que os caminhos para uma qualidade de vida digna do homem, não são aqueles que fazem da eficiência e
do sucesso o primeiro e absoluto critério, mas aqueles que apresentam ao homem propostas exigentes e empenhos valorosos, abrindo-lhes
ao horizonte da verdadeira liberdade, livres das abundantes dependências e prazeres que o fazem escravo. A palavra de Deus
dá ao jovens valor, força, compreensão e esperança.
Na liturgia se faz presente o mistério salvífico de Cristo. Toda comunidade, ao celebrá-la
festivamente, recebe os dons de seu Redentor, e descobre as indigências dos necessitados e dos pobres.
Ao receber na Eucaristia o Senhor, descobre a exigência de abrir-se aos irmãos. A Igreja,
ainda, medita o exemplo de Cristo que não veio buscar os sãos mas os enfermos, a chamar não os justos mas os pecadores a conversão
(Mc. 2, 15. 17). Isto implica, para as comunidades eclesiais, a disponibilidade para prestar uma atenção concreta as diversas
formas de pobreza presentes em seu próprio âmbito. Fazer-se responsável por estas pobrezas em nome da solidariedade ativa,
é a primeira maneira de prevenir estas desgraças e dar sentido para a vida.
A pastoral da prevenção é para a paróquia uma prioridade pois é comunidade educadora.
Os adultos deveriam sentir-se na comunidade educadores e corresponsáveis da formação de cada filho, de cada jovem. Neste sentido
deve revalorizar-se a correção fraterna como recíproco estímulo ao bem e ao melhor. Na base de tudo está o amor aberto a todo
homem, especialmente aos mais pobres. Este amor se manifesta na solidariedade.
Quanto aos jovens é necessária uma pastoral exigente:
· No plano espiritual do crescimento na santidade;
· No ensinamento para o serviço gratuito e
generoso;
· Nas atividades de formação juvenil e em geral
de “educação para a vida sadia”, sob o aspecto desportivo, sanitário, cultural e espiritual.
A presença de toxicodependentes chama toda a paróquia ao empenho que ultrapassa a simples
ajuda econômica ou a fácil delegação às estruturas especializadas.
Na comunidade cristã, deveriam as famílias ou os grupos de famílias, fazer-se disponíveis
para acolher ou assistir um toxicodependente na fase de reinserção social ou laborativa.
Assim pois, deveriam surgir, como já se está dando início, comunidades educativas de
voluntariado abertas ao território (paróquia, bairro, município). Toma corpo de tal maneira um serviço evangélico e se oferece
uma mensagem de esperança, concretizado por meio de precisos gestos de acolhida e de amor.
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Edificar a Igreja.
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Curar o coração do homem.
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Anúncio da palavra de Deus - catequese.
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Celebração da liturgia.
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Participação na Eucaristia.
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Prioridade à prevenção - comunidade educadora.
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Adultos assumindo responsabilidade na formação dos jovens.
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Crescimento na santidade.
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Serviço gratuito e generoso.
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Educação para a vida sadia.
d) Atuação do Padre
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Na catequese.
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Na confissão.
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Na homilia.
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Nas festas.
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Nas Pastorais e Movimentos.
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No aconselhamento.
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Nos sacramentos - matrimônio, batismo.
Um peregrino a caminho do absoluto (Lumen Gentium, 49-50)
O homem vai para Deus, seu destino final. Ele viaja em direção
à cidade santa. (Sl 122, 1-4; Is 2, 2-5 e 35, 10)
Contemplando os valores sagrados e adotando-os como seus, o
homem progride em sua auto-afirmação e auto-realização. (Jão Paulo II, Sinal de Contradião, 18.1)
Uma lei gravada na natureza humana. (João Paulo II - Redemptionis
Donum, 13)
Não podemos viver sem esperança. Temos de ter algum objetivo
na vida, algum significado para nossa existência. Temos de aspirar a alguma coisa. Sem esperança, começamos a morrer. (João
Paulo II - Los Angeles, 1987)
Vós nos fizestes para vós, ó Senhor, e nossos corações permanecem
aflitos enquanto não descansam em vós. (Santo Agostinho)
Aceitação sincera dos princípios imutáveis... (João Paulo II,
Mensagem aos católicos chineses, 1995)
Vivem sem felicidade verdadeira porque não tem esperança. Precisamos
chegar até eles como mensageiros da esperança. (João Paulo II, Nova York, 1979)
O desejo de paz é universal. (João Paulo II, Washington, 1979)
Experiência de amor - experiência de Deus
Diante da fome, da injustiça e da opressão = violência
Para resolver a superpopulação = planificação dos nascimentos
ou aborto
Diante da crise da família = divórcio
Diante da criminalidade = pena de morte
Diante do doente incurável = eutanásia
São soluções sem Deus, portanto soluções sem amor.
Necessidade de esperança e de alegria - Rm 12, 11,12
O Japão é campeão de suicídio juvenil. (5000 jovens por ano)
Procura da felicidade no ter, no poder e no prazer.
Corações que não amam. Não acreditam na vida. Não acreditam
na alegria de viver. Não trabalham por um mundo novo.
Ser profetas da alegria e da esperança.
Sentido da vida
Nilo Momm
nilomomm@ig.com.br
São José do Rio Preto, 19/10/2000.