As drogas
Nilo Momm
Desde tempos imemoriais o homem tem usado substâncias entorpecentes. Em alguns casos elas ajudam
a realizar sonhos legítimos mas quando se rompe o equilíbrio do consumo transformam-se em pesadelo.
O comércio internacional de drogas movimenta US 500 bilhões por ano. É muito dinheiro em jogo.
É muita vida desperdiçada. Não adianta querer fugir da realidade.
A mídia, ao mesmo tempo em que divulga informações sobre drogas, estimula seu uso através de filmes,
reportagens e matérias que mostram comportamentos a ser imitados para se estar na moda ou para fazer sucesso.
As drogas agem de maneira diversa em cada indivíduo. Enquanto um sabe controlar o uso do álcool,
o outro não é capaz de fazê-lo. Há drogas que causam dependência já nas primeiras vezes em que são usadas.
Existem três aspectos a considerar quando falamos do consumo de drogas. Em primeiro lugar temos
as pessoas, depois temos a droga e finalmente temos o ambiente. A interação entre os três fatores é que chamamos de problema
das drogas.
Como cristãos, naturalmente, devemos dar prioridade sempre à pessoa. O homem é a parte mais importante
do sistema e deve ser tratado com prioridade. A Igreja é especialista em humanidade.
As pessoas
Deus nos criou seres únicos, especiais e irrepetíveis. Dentre os mais de seis bilhões de habitantes
do planeta terra, não existem, nunca existiram e nem existirão dois iguais.
Recebemos dons especiais que nos tornam diferentes dos demais animais. Dons que nos identificam
como seres humanos. Entre estes dons temos a autoconsciência (poder atuar como observador de seu próprio caminho), a imaginação
(capacidade de criar na mente imagens que transcendem a realidade), a moral (consciência profunda do que é certo ou errado),
e a livre escolha (capacidade de agir conforme nossa autoconsciência, livre de qualquer influência). Por último, temos ainda
o dom do humor.
Se tudo isto não bastasse, Deus nos deu talentos e nos assiste com a sua graça para que saibamos
usar destes dons especiais que nos tornam humanos.
A nós, basta vontade e disciplina para que nossa vida esteja sempre no rumo certo.
Não podemos esquecer, ainda, que Ele nos revelou através de seu filho o caminho, a verdade e a
vida (João 14, 6) e que Ele veio para que os homens tenham vida e a tenham em abundância. (João 10, 10)
É importante que tenhamos consciência destas maravilhas que Deus nos fez porque é exatamente sobre
elas que agem as drogas, inclusive o álcool e o cigarro. O usuário de drogas torna-se um dependente, isto é, precisa de uma
bengala, de um arrimo para se manter. Em outras palavras, torna-se um imbecil. O usuário de drogas perde a autoconsciência,
a imaginação, a moral, a liberdade de escolha e o humor. Ou seja, perde a sua racionalidade. Torna-se um animal.
O ambiente
No mundo das drogas existe o produtor, o agente financeiro, o intermediário e o usuário. Em geral
nos detemos no usuário, as vezes no intermediário. O sistema de drogas é interligado com o do crime organizado, do tráfico
de armas e da prostituição.
O sistema das drogas causa muito mais vítimas do que parece à primeira vista. Assaltos, homicídios,
violência, acidentes, doenças, prostituição, desemprego, desestruturação familiar...
Também somos responsáveis pelo problema das drogas. Não podemos fechar os olhos para o problema.
O primeiro passo é a tomada de consciência. Depois podemos tomar atitudes coletivas.
Existem leis que proíbem, ou pelo menos regulam, o consumo, a produção e a comercialização das
drogas. Entretanto nem sempre estas leis estão adequadas a situação atual da sociedade e ao problema social e moral que a
droga causa. Outras vezes existem as leis mas as mesmas são ignoradas não só pela justiça, pela polícia, pelo governo, mas
principalmente pelas famílias e pela sociedade como um todo. Basta ver o que acontece com o álcool, apesar de proibida a entrega,
a venda e o consumo por menores de idade, nem em nossas casas nós fazemos tal restrição.
É preciso, iniciar uma conscientização, como aconteceu com o fumo, para que se restrinja o consumo
de álcool e assim se recupere a esperança de futuro para toda uma geração de adolescentes, nossos filhos, nosso futuro.
O que é droga?
Quando falamos de drogas estamos falando de substâncias ou produtos, de origem natural ou de laboratório,
que produzem alterações da percepção, do humor e das sensações, ainda que temporariamente. São sensações de prazer, de euforia
ou alívio do medo, da dor, das frustrações, das angústias. Algum tempo após o uso causam sintomas muito desagradáveis. Com
a constância do uso causam dependência. Fica cada vez mais difícil ficar sem usar. O usuário torna-se um escravo da droga.
Drogas incluem álcool, tabaco, certos produtos naturais, inalantes, vários medicamentos(calmantes,
estimulantes, moderadores de apetite...) e tóxicos (maconha, cocaína, crack, heroína, ecstazy, lsd...).
No Brasil, as drogas mais usadas são o álcool, o cigarro, os inalantes, a maconha, os medicamentos, a cocaína e seus derivados crack e merla.
O álcool é ainda a droga responsável por cerca de 75% dos acidentes de trânsito, 90% das internações
hospitalares por dependência química e, apesar disso, continua tendo seu consumo aceito socialmente, apesar de existir leis
que proíbem seu consumo por menores de idade e por condutores de veículos. A grande maioria dos casos de violência doméstica
e das mortes violentas são conseqüências do uso do álcool.
O uso do cigarro começa a ser restringido pelo governo e, aos poucos, pela sociedade. Hoje já
existem ambientes em que não se pode fumar. A publicidade do cigarro está limitada. O consumo começa a apresentar as primeiras
reduções em termos nacionais. Entretanto, diversos ambientes ainda relutam em assumir campanhas contra o fumo.
Os solventes ou inalantes são usados mais intensamente pelos menores em condição de risco social,
vivendo nas ruas, longe das famílias e são considerados as portas para as drogas ilícitas.
A maconha, cannabis sativa, vem sofrendo intensa campanha
tentando convencer de sua reduzida toxidade e inclusive da liberação de seu consumo, comércio e produção. Em conseqüência
muitos adolescentes e jovens ou pessoas menos esclarecidas vem experimentando seu consumo com a convicção de que não existe
nada de mal. Isto tem causado grandes problemas sociais e de saúde pública.
Os medicamentos, ansiolíticos ou tranqüilizantes ou sedativos (possuem os nomes comerciais diazepan,
valium, lorax, lexotan, rohypnol...), anfetamínicos ou moderadores de apetite (Hipofagin, Moderex, Inibex, Moderine, Dualib....)
são largamente utilizados especialmente pelos idosos, pelas mulheres, pelos caminhoneiros, em geral mesmo sem receita médica,
o que é exigido por lei.
A cocaína e seus derivados crack e merla são as drogas cuja utilização é proibida e cujos estragos
em termos sociais e de saúde são mais visíveis e desastrosos. Alguns casos registrados apresentam dependência após apenas
algumas semanas de uso.
Saiba mais:
·
Texto base da CF2001
CNBB
·
Pastoral da Sobriedade - 2ª Edição
Nilo Momm
Edições Loyola
·
Prevenção ao uso de drogas
Nilo Momm e Vilsom Basso
Centro de Capacitação da Juventude da CNBB
·
Escolha a felicidade - vida sem drogas
Nilo Momm e Juliana Camargo Momm
Edições Loyola
Contato:
nilomomm@yahoo.com.br (inclusive para palestras)
Publicado:
Jornal Missão Jovem
Junho de 2001