Pastoral da Sobriedade
Nilo Momm
Vida sim,
drogas não. Este é o lema da Campanha da Fraternidade de 2001.
Cristo nos diz claramente em João 10, 10 que "Eu vim para que os homens tenham a vida e a tenham
em abundância". E a Igreja responde a este chamado de seu mestre com uma ação pioneira na defesa do homem contra as drogas.
Em 1984 o Vaticano promoveu um encontro internacional de comunidades terapêuticas e, nesta ocasião,
o Santo Padre o Papa João Paulo II, fez um veemente pronunciamento do qual destacamos a seguinte frase:
"A droga é um mal, ao mal não se dá trégua." João Paulo II - 1984
Em 1991, o Pontifício Conselho da Pastoral da Saúde esteve reunido em Roma e, também nesta ocasião
o Santo Padre fez um pronunciamento intitulado:
"Toxicodependência e alcoolismo frustram a pessoa justamente na sua capacidade de comunhão e doação."
João Paulo II - 1991
Já em 1997, novamente o Vaticano promoveu um encontro para manifestar a posição da Igreja diante
da Assembléia das Nações Unidas que então estava sendo preparada sobre o tema das drogas.
Nesta ocasião diria o Secretário de Estado do Vaticano:
"A posição da Igreja é firme e clara, não legalizemos as drogas". Cardeal Angelo Sodano.
Já o Santo Padre assim se manifestou:
"A luta contra o flagelo da toxicomania é ocupação de todos, cada um segundo a responsabilidade
que lhe cabe". Papa João Paulo II - 1997
A Igreja do Brasil também assumiu um papel pioneiro nesta luta em defesa da vida e contra as drogas
ao propor e aprovar na 36ª Assembléia Geral em abril de 1998 a criação da Pastoral da Sobriedade.
Logo em seguida era também aprovado o lema da Campanha da Fraternidade para 2001, "Vida sim, drogas
não!"
O objetivo da Campanha da Fraternidade de 2001 é "mobilizar a comunidade eclesial e a sociedade
brasileira para enfrentar corajosamente o grave e complexo problema das drogas que arruina milhares de vidas e afeta profundamente
a paz social". (Texto base, 10)
Para que isto se realize de forma permanente "a atual Campanha oferece uma boa oportunidade para
que organizemos a Pastoral da Sobriedade, reunindo agentes de pastoral que ajudem os mais fracos a redescobrir o gosto pela
vida, o profundo significado da liberdade, do amor como base da própria existência e para a prática da partilha, pois o que
se economiza na sobriedade pertence ao mais necessitado". (Texto base, 207)
O que é a Pastoral
Pastoral da Sobriedade
é a expressão do Amor gratuito do Pai que desperta em nós a solidariedade com o mundo e com a humanidade, fazendo dos excluídos
os nossos preferidos.
Alguns elementos caracterizam
a nossa Pastoral:
· A Pastoral da Sobriedade é Pastoral, isto é, continuação da presença e da ação misericordiosa, amorosa, acolhedora
e libertadora de Jesus o Bom Pastor e Bom Samaritano, que acolhe sem reserva, salva, regenera, ressuscita e chama Lázaro a
sair do túmulo e a experimentar o novo.
· É uma ação da Igreja, vivida a corpo, em comunhão com a Igreja e com o amor recíproco entre nós, para permitir a Jesus
Ressuscitado viver no meio de nós e fazer passar os dependentes da morte para a vida.
· É fundamentada na vivência do Evangelho que não apenas liberta das drogas mas faz entrar na dinâmica da vida de Amor
de Deus e faz os homens novos que encontram a plenitude e alegria de viver na doação de si.
· Não é apenas libertação das drogas, mas é proposta de vida nova, reconstrução da dignidade e do valor dos dependentes,
imagem e semelhança de Deus que, transformados pelo Evangelho e pelo encontro com Jesus Vivo, assumem um novo projeto de vida,
entram na dinâmica trinitária da doação e comunhão e descobrem um novo sentido de vida.
· A recuperação e a libertação é ação de Deus e não apenas esforço humano, mas valoriza e se serve de todos os recursos
médicos e psicológicos oferecidos pelas ciências humanas.
· A Pastoral da Sobriedade é Pastoral Ecumênica que conclama a todas as Igrejas e pessoas de boa vontade a colaborar
e lutar por uma vida plena.
Onde a Pastoral vai
atuar
A Pastoral pode atuar nas
Paróquias e Dioceses em cinco frentes de trabalho, segundo as possibilidade de cada lugar:
a)
no Campo da Prevenção, para o público que nunca experimentou drogas e para quem já experimentou
mas não é usuário, criando grupos ligados à Pastoral da Dependência Química, às demais pastorais e movimentos eclesiais ou
grupos preocupados com esta realidade, atuando nas escolas, na catequese, e criando e publicando material apropriado;
b)
no Campo da Intervenção, para o público que já se iniciou no uso de drogas mais ainda não se tornou
dependente com necessidade de internação, incentivando a abertura de novos grupos de auto-ajuda nas comunidades, paróquias
e escolas como o AA, NA, NATA, NAFTA, AMOR EXIGENTE, Grupos da Pastoral da Sobriedade;
c)
no Campo de Recuperação para os usuários de drogas já dependentes, através de comunidades terapêuticas
que trabalharão em conjunto com grupos de auto ajuda.
d) no Campo da Reinserção Social, visando a colaboração da família, da comunidade eclesial e da sociedade civil para
o pleno retorno à vida plena, especialmente através de grupos de auto ajuda, inclusive para as famílias.
e)
Atuação Política, desenvolvendo reflexão e
atividades junto aos organismos que atuam na sociedade (Conselhos, fóruns...), defendendo sempre uma política "antidrogas"
que seja eficaz, prática e que gere vida. Incentivo à implantação e funcionamento dos Conselhos Municipais Antidrogas e a
aplicação plena do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Como começar
1.
Primeiro passo: O primeiro passo a ser dado
é o levantamento dos recursos existentes na comunidade, ou seja, o que já existe e que tem a ver com a Pastoral da Sobriedade.
Quais são as pessoas, entidades que estão trabalhando em atividades ligadas à Pastoral da Sobriedade: comunidades terapêuticas,
clínicas, hospitais, Conselho Municipal de Entorpecentes, grupos de auto-ajuda. Em seguida, relacionar grupos de jovens da
Pastoral da Juventude, movimentos, pastorais, convocando a todos os representantes para um encontro específico.
2.
Segundo passo:
com a primeira reunião geral dos convidados, já se está dando início à
Pastoral da Sobriedade. Dadas as explicações e motivações, distribua-se o cadastro e solicite-se a inscrição dos que estão
motivados pela causa e comprometidos com ela. Utilize-se principalmente o conteúdo da “Carta da Pastoral da Sobriedade”
publicada no livro "Pastoral da Sobriedade - Pronunciamentos da Igreja" das Edições Loyola.
3.
Terceiro passo: criação de uma comissão para
a Pastoral da Sobriedade e início dos trabalhos. Iniciar o trabalho de prevenção, que visa a evitar o mal antes que aconteça. É importante reforçar os grupos já existentes e, se necessário, formar outros,
inclusive nas escolas.
Contato:
nilomomm@yahoo.com.br (inclusive para palestras)
Publicado:
Jornal Missão Jovem
Abril de 2001