Crack
Ao contrário da maioria das drogas, o crack não tem sua origem ligada a fins medicinais.
Ele já nasceu como uma droga. Surgiu da cocaína.
O crack é uma mistura de cocaína em forma de pasta não refinada com bicarbonato de
sódio. Esta droga se apresenta na forma de pequenas pedras e pode ser até cinco vezes mais potente do que a cocaína.
Assim que o crack é fumado alcança o pulmão, que é um órgão intensivamente vascularizado
e com grande superfície, levando a uma absorção instantânea. Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação cerebral
chegando rapidamente ao cérebro. Com isto, pela via pulmonar o crack "encurta" o caminho para chegar no cérebro, aparecendo
os efeitos da cocaína muito mais rápido do que outras vias. Em 10 a 15 segundos os primeiros efeitos já ocorrem, enquanto
que os efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos e após a injeção, em 3 a 5 minutos. Essa característica
faz do crack uma droga "poderosa" do ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece quase que instantaneamente após uma
"pipada".
Leva 10 segundos para fazer o efeito, gerando euforia e excitação; respiração e batimentos
cardíacos acelerados, seguido de depressão, delírio e "fissura" por novas doses. O efeito dura, em média, dez minutos. Essa
pouca duração dos efeitos faz com que o usuário volte a utilizar a droga com mais freqüência que as outras vias (praticamente
de 5 em 5 minutos) levando-o à dependência muito mais rapidamente que os usuários da cocaína por outras vias (nasal, endovenosa).
Crack refere-se à forma não salgada da cocaína isolada numa solução de água, depois
de um tratamento de sal dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Os pedaços grossos secos têm algumas impurezas e também
contêm bicarbonato. Os últimos estouram ou racham (crack) como diz o nome.
Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero
do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência
psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga.
As primeiras sensações são de euforia, brilho e bem-estar, descritas como o estalo,
um relâmpago, o "tuim", na linguagem dos usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo os neurônios são lesados e o
coração entra em descompasso (de 180 a 240 batimentos por minuto). Há risco de hemorragia cerebral, fissura, alucinações,
delírios, convulsão, infarto agudo e morte.
O pulmão se fragmenta. Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente
e expectoração de mucos negros indicam os danos sofridos.
Dores de cabeça, tonturas e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo
atormentam o craqueiro. Outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das
pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela
proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.
O crack induz a abortos e nascimentos prematuros. Os bebês sobreviventes apresentam
cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz. Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinhos e
têm imensa dificuldade de aprendizado.
O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares. Via alvéolos
o crack cai na circulação e atinge o cérebro.
No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia
a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as
atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco
de convulsão, infarto e derrame cerebral.
O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea. No fígado,
ele é metabolizado. A droga é eliminada pela urina
Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores,
como a dopamina, e liberados nos espaços sinápticos. Uma vez passada a informação, a substância é recapturada. Nos usuários
de crack, esse mecanismo encontra-se alterado.
A droga subverte o mecanismo natural de recaptação da substância nas fendas sinápticas.
Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda, superestimulando os receptores musculares -
daí a sensação de euforia e poder provocada pela droga. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades
do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Com isso as sinapses tornam-se
lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais.
O crack nasceu nos guetos pobres das metrópoles, levando crianças de rua ao vício
fácil e a morte rápida. Agora chega à classe média, aumentando seu rastro de destruição.